28 novembro 2006


Os autocarros outra vez!!!
Tanta coisa que tenho pensado e sentido e quando tenho algum tempo para vir aqui,o que mais imediatamente me ocorre são as peripécias dos autocarros.
Então ontem,depois dos habituais encontrões e desabafos,quando íamos a passar o Casal Ventoso e o autocarro parou,entraram dois polícias que só disseram:"Abra a porta de trás, quando lhe dissermos."
Algumas pessoas olharam( eu olhei) e eis que algemaram um rapaz levando-o para fora,do autocarro e o revistaram.
E a viagem prosseguiu. Iam então duas velhas, uma sentada e outra em pé, ( mas lado a lado)que imediatamente se puseram a discorrer sobre o acontecimento em voz alta. Uma delas(a que ia em pé) devia trazer 1kg de ouro entre pulseiras, anéis e brincos, a outra, que só vi de costas,pareceu-me normal. Diz então esta, em voz bem alta:"É bem feita! Haviam de os apanhar a todos. Vêm p'ra qui roubar as carteiras dos pobres. Ainda se ao menos tivessem o cuidado de roubar os ricos!..."
Diz a outra:"E eles sabem lá quem são os ricos!As pessoas num trazem letreiros na testa!"
"Pois não"-diz a 'pobre'-trazem carradas de pulseira e anéis!Num precisam de letreiros!
Você é que havia de ser assaltada que era p´ráprender a não vir armar-se p'ró autocarro!"
Tiveram outras pessoas que intervir para que as velhas se calassem ou então teriam que chamar a polícia.
Não acho isto normal.


Mário Cesariny. Que pena.

Agora é que vai ser impossível comprar uma linha de água!!!

14 novembro 2006


Os autocarros são um mundo!!!
Tudo se passa dentro dos autocarros: desde pessoas que pensam em voz alta (falam sozinhas), pessoas que insultam os motoristas, pessoas que tentam vender roupa que tiram de dentro dos seus sacos, até às pessoas que cantam fado ( e bem alto ) até às que resolvem fazer coro e de repente o autocarro transforma-se num verdadeiro caos!!!
Mas o que é isto???????
Será que as pessoas estão a ficar loucas?
Será que isto é o produto da 'civilização'?

05 novembro 2006



A minha vida mudou. Os meus caminhos vão passar a ser outros.

Como disse Schopenhauer, o curso da vida não é certamente nossa obra exclusiva, mas o produto de dois factores que são a série de acontecimentos e as nossas decisões. Ora a decisão de tentar Lisboa foi minha e o acontecimento,foi a reforma de uma professora coincidente com a minha disponibilidade. Será que fico por lá? Gosto de desafios e este é mais um, que para variar, vem acrescido do facto de ter que apanhar 0 'comboio' em andamento! E lá vou, com vontade e com mais um projecto paralelo - o Mestrado. Espero bem que o curso da minha vida seja finalmente um pouco menos atribulado para eu poder concretizar objectivos tão simples como trabalhar e continuar a estudar.

19 outubro 2006


Como é bom descobrir e sobretudo descobrirmo-nos!
Apesar ter identificado sempre as minhas vontades, nunca fui uma pessoa premeditada, por isso, as coisas acontecem na minha vida, porque têm que acontecer(estão decididas na minha cabeça e isso é um imperativo), mas quando acontecem, e porque não estão calculadas ou programadas, acontecem dentro das circunstâncias do momento, e isso tem feito com que eu tenha desenvolvido em mim uma capacidade de me adaptar e gostar do mundo e das coisas, que me continua a surpreender.
Quando recomecei a estudar(era uma decisão tomada), encontrei várias dificuldades, porque não esperava que na primeira tentativa, já lá estivesse. Foi um percurso muito pessoal e que me fez crescer para dentro de mim própria. Depois o trabalho e a adaptação constante aos desafios. Aceitei-os sempre e aprendi muito. Depois voltei à universidade(outra decisão),mas agora a trabalhar, a estudar, a fazer kms e a ter vida familiar.Foi difícil, mas foi mais um dos momentos da minha vida pessoal que guardo com gosto. Chego à conclusão que gosto de estudar. Tive que parar e foram 9 anos! Acontece que estou a continuar este ano, e como não sou premeditada, o único seminário que preciso de frequentar este semestre e que podia ser à minha escolha, teve que ser o que acontece às quartas-feiras porque é o único dia em que posso estar presente. E esse seminário, dentro dos Estudos Literários Norte-Americanos, discute alguns dos textos dramáticos escritos no séc.xx. Ora texto dramático é para mim um drama!
É mais um desafio. Bem vistas as coisas são dois desafios: o primeiro, porque não sei se vou conseguir vencer esta etapa(não sei mesmo se sou capaz) e o segundo, porque tenho que desenvolver uma linha de investigação que envolva o texto dramático!
Onde é que surpreendentemente me descubro? Logo na primeira peça de Samuel Becket:"Waiting for Godot". Mal posso esperar por fazer um close-reading completo, e mais, até já me apetece começar aqui a descobrir os mitos públicos e as colisões privadas no teatro. Acho que este é mais um bom momento da minha vida.

12 outubro 2006

( A casinha do Kafka )
" De um certo ponto adiante, não há mais retorno. Esse é o ponto que deve ser alcançado"
Franz Kafka

04 outubro 2006

Este ano estou a leccionar Português ao 10º ano. É um desafio para mim, porque se há assuntos que me preocupam, é o bom Português. Fiquei contente pelo facto de os programas terem mudado. Finalmente se teve consciência que conhecer Camões, Gil Vicente, Fernando Pessoa, Garrett, Antero de Quental, Saramago(...) é importante, mas primeiro é preciso percebê-los. Falar de iliteracia e testá-la, é o primeiro passo.
Hoje na aula, os alunos, primeiro ficaram muito espantados com um artigo que, devidamente identificado, revelava que apenas um quinto da população portuguesa,entre os 15 e os 64 anos, tem competência para perceber o que é escrito, e depois riram-se com um outro que dava conta dos maus exemplos do português falado, não nas aldeias mas nos meios citadinos. Curiosamente, identificaram logo a "runião", o "xelente", a "tevisão", o "estrordinário", o "tefonar", a transformação de vogais abertas em fechadas e a supressão de sílabas, entre outros, como o português vindo da capital. E isto é triste se pensarmos que é a televisão ao dar tempo de antena às Bobones, às Caneças e às Castel-Brancos que fomenta isto! Não tarda muito que se institua o erro como norma porque é falado por gentinha iletrada que entra pelas casas dentro através do monstruoso poder da televisão.

21 setembro 2006

Se tanto me dói que as coisas passem

Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem

Sophia de Mello Breyner Andresen